sexta-feira, 29 de junho de 2012



Paciente, confiro se em meus bolsos existe vida
estou sem calças, não consigo diferenciar-me da cama
todo esse tempo esperando a salvação
o derradeiro momento em que me redimo
do excesso de culpa, que não virá
e os velhos contos suicidas que me aporrinham
nem a mais fria garota que já vi
consegue me fazer mais mau
do que eu mesmo comigo
refluxo existencial

a busca da cura

ó quem voltou doutor, o dono do flow que atormenta.
nocivo

domingo, 24 de junho de 2012



eu falo e falo. as coisas ao redor permanecem as mesmas, nada mudou, mas mesmo assim eu falo e falo, já que sou bom em me enganar bem e metafísicamente toda minha banca segue melando a tanga (pelo menos de um jeito digno) e se eu jamais me jogo embaixo do trem pra tentar capturar alguma cor só pra mim é pq tenho inato o nojo de ser egoísta e não querer mudar isso nem nada de jeito nenhum. Entretenho com gritos.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Todo homem terá talvez sentido essa espécie de pesar, se não terror, ao ver o mundo e sua história se mostrarem enredados num inelutável movimento que se amplia sempre mais e que parece modificar, para fins cada vez mais grosseiros, apenas suas manifestações visíveis. Esse mundo visível é o que é, e nossa ação sobre ele talvez não poderá nunca transformá-lo em outro. Sonhamos então, nostálgicos, com um universo em que o homem, em vez de agir com tanta fúria sobre a aparência visível, se dedicasse a desfazer-se dessa aparência, não somente recusando qualquer ação sobre ela, mas desnudando-se o bastante para descobrir esse lugar secreto, dentro de nós mesmos, a partir do qual seria possível uma aventura humana de todo diferente. Mais precisamente moral, sem dúvida.

domingo, 3 de junho de 2012


pouco a pouco
essa garota relembrou-me de que viver nem é tão insuportável,
eu, de troco,
acabei dizendo a ela que desenhar é sair correndo atrás de uma parte de mim
resolvendo os prováveis problemas de trajetória que eu, em fragmentada instância, estaria causando
com meus inúteis gritos de independência rotineiros
irreprimíveis vontades de causar dor
com marcas permanentes de ignorância e preguiça
boçais batuques no peito e perna
o custume em forçar pra disfarçar minha timidez
que por sua vez, uso para disfarçar meu medo
talvez viver seja mesmo insuportável
foi o que ela disse
tão baixo
tão baixo
tão chata