quarta-feira, 25 de abril de 2012


o foda é que
entre minhas costelas sinto fome
e nem um pouco de vontade de comer
Dela,  tomei tudo o que fui capaz
saqueei seus mais bobos sonhos
eu sempre trabalho pesado pra isso
e para que o centro do palco e das atenções seja eu
sabendo que nada disso nutre nem acalma
em verdade só leva de mim o que pensei ter conquistado
toda uma grande coleção de coisas roubadas
meus tesouros introspectivos
minha violência em forma de amor inconsequente
e minha rara sinceridade, pura e intacta,
coletada num cinzeiro e armazenada com todo o resto
nos meus documentos e nos meus não intentos
eles e os olhos nunca mais abro
nem nunca mando para a lixeira.
meu medo ainda é maior que eu,
mas é só


domingo, 22 de abril de 2012

a professora lígia é uma existencialista

amor é a transformaçao de um curto espaço de tempo
situado entre fumar um banza e ler um quadrinho do Crumb
o exato momento em que te vejo
deliciosamente pelada em minha cama
com uma das calmas mais conscientes possíveis
lendo mais um quadrinho sobre as experiências alucinógenas
que deram origem a esse próprio quadrinho
e as minhas próprias experiências
que te animam te excitam e me deixam
colocar mais tempo dentro do tempo lá dentro
logo depois, não nos matamos
as conversas se dão a partir do momento em que eu acendo um cigarro
e seguimos olhando pro teto e não para os olhos
não tenho cachorros para alimentar
a vida tá longe de estar fácil
não que esteja difícil
agradeço ao meu redor as pessoas que só falam merda
se meu desenho vai clareando quanto aos detalhes
na real escurece quanto ao significado
uma escolha
as vezes te deixo pelada no quarto escuro meu lá
jogo um futebol no video game com os brothers e umas cervejas
um ponto
habitualmente volto e tento agradar com um copo de água e uma massagem
mesmo sabendo que você já fez questão de colocar seu vestido novamente
logo menos entre seus lábios de morder
seus dentes brancos entre uma cara e outra de séria
minha confusão sobre suas vontades
eu já disse que não tenho cachorro
sou só eu mesmo e caixas dentro de caixas
definições de amor por escrito
jamais teríamos escutado Nina Simone
eu não falaria de rap
ficaríamos em um segredo
uma partícula pontual na história da humanidade
eu, você e a Nina Simone sabendo exatamente a mesma coisa
e pensando-a com as mesmas palavras
deixando alegorias para fracos padres e literatos:
não aguentam 2 minutos num ringue
não bebem o bastante, nem se bastam para poderem beber dignamente
não podem ser alimentados com espectativas depois da meia noite
fundações e impérios não são como uivos na estrada,
sozinhos a pé num planeta em moebius
na hora da fome, o amor também pode ser um jeito de querer 
saturno por suposto tem a obrigação de existir
eu não
sou verbo inconsequente e direto
cão faminto de ruas mal iluminadas
eu nem sou mais aquele moleque
sou sono

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Perdido na mais pura indisciplina, a partir deste momento, no que restou do mundo possível, as poucas pessoas não fazem sentido pois, a priori ,são intocáveis. Assisto pornôs repetidos, mas não leio a literatura de agora. Catarros implantados em patrimônio público, a mais pura raiva se transforma no mais pesado sono. A primavera no extremo oposto, o velho gosto de um amor não correspondido por uma dificuldade no paralelismo de ambos os olhares. O noticiário tornou-se nosso teatro, e de pouco em pouco percebemos que inclusive a lama com todos os seus satélites, que era o que chamávamos de norte, agora perdeu-se e só está lá em cima, num ponto que já quase nem mais cogitamos alcançar, a não ser que consigamos nos perder ainda mais.

terça-feira, 17 de abril de 2012

tretas pedagógicas

Liberalismo é a Doutrina que tomou para si a defesa e a realização da liberdade no campo político. Nasceu e afirmou-se na modernidade e pode ser dividida em duas fases: primeira, a do séc. XVII, caracterizada pelo individualismo; segunda do séc. XIX, caracterizada pelo estatismo.
 A primeira fase é caracterizada pelas seguintes linhas doutrinárias, que constituem os instrumentos das primeiras afirmações políticas do liberalismo. : a) jusnaturalismo, que consiste em atribuir ao indivíduo direitos originários e inalienáveis; b) contratualismo, que consiste em considerar a sociedade humana e o Estado como fruto de convenção entre indivíduos; c) Liberalismo econômico, próprio da escola fisiocrática, que combate a intervenção do Estado nos assuntos econômicos e quer que estes sigam exclusivamente seu curso natural. d) como consequência global das doutrinas precedentes, negação do absolutismo estatal e redução da ação do Estado a limites definidos, mediante a divisão de poderes. O postulado fundamental dessa fase do Liberalismo é a coincidência entre interesse privado e público. Jusnaturalistas e moralistas, como Bentham, acreditavam que bastava ao indivíduo buscar inteligentemente sua própria felicidade para estar buscando, simultaneamente, a felicidade dos demais. A doutrina econômica de Adam Smith baseia-se no pressuposto análogo da coincidência entre o interesse econômico do indivíduo e o interesse econômico da sociedade.
 A segunda fase do Liberalismo começa quando esse postulado entra numa crise cujos precedentes se econtram nas doutrinas políticas de Rousseau, Burke e Hegel, bem como no fato de que, no terreno político e econômico, o Liberalismo individualista parecia defender uma classe determinada de cidadãos (a burguesia), e não a totalidade dos cidadãos. O contrato social (1762) de Rousseau já constitui uma guinada no individualismo. Para Rousseau, os direitos que o jusnaturalismo atribuíra aos indivíduos pertencem apenas ao cidadão. '' O que o homem perde com o contrato social é sua liberdade e o direito ilimitado a tudo o que o tenta e que ele pode obter; o que ganha é a liberdade civil e a propriedade de tudo o que possui. ''. Mas, na realidade, só ''a obediência à lei que ele mesmo prescreveu é liberdade'', de tal forma que só no estado o homem é livre. (Contrato social,I, 8). A afirmada infabilidade da ''vontade geral'', resultante da ''alienação total de cada associado com todos os seus direitos a toda a comunidade'', transforma aquilo que para o individualismo é a coincidência do interesse individual com o interesse comum na coincidência -preliminar e garantida - do interesse estatal com o interesse individual. Dessa forma, ia-se afirmando a superioridade do Estado sobre o indivíduo, contra a qual o Liberalismo se insurgira em sua primeira fase. Tal superioridade também é reconfirmada por Burke: '' A sociedade é um contrato, mas ,embora os contratos sobre objetos de interesse ocasional possam ser desfeitos a bel-prazer, não se pode considerar que o Estado tenha o mesmo valor de um acordo entre as partes num comércio de especiarias e café''. [...] Deve ser considerado com reverência porque não é a participação em coisas que servem somente a existência animal [...]: é uma sociedade em todas as ciências, em todas as artes, em todas as virtudes e em toda a perfeição''. (Reflection on the Revolution in France, 1790; Works, II, p.368). Mas o ponto alto desta doutrina encontra-se em Hegel, para quem ele é ''o ingresso de Deus no mundo'', razão pela qual seu fundamento é a potência da razão que se realiza como vontade'' (Fil. do dir., s 258, Zusatz). Com essa exaltação do Estado concordava outro ramo do romantismo do século XIX, o positivismo:
Comte preconizava um estatismo tão absolutista quanto o Hegeliano (Système de politique positive, 1851-54;IV, p65), e Stuart Mill, mesmo sem fazer concessões às concepções absolutistas, deixava grande margem à ação do Estado, mesmo no domínio que, para o liberalismo clássico, deveria ficar reservado exclusivamente para a iniciativa individual: O econômico. O ensaio Sobre a liberdade (1859) de Stuart Mill, tendia, ao mesmo tempo, a retirar a liberdade do rol de condições indispensáveis para o exercício da atividade moral, jurídica, econômica etc. ( segundo a concepção do Liberalismo clássico), e a transformá-la num ideal ou valor em si (independente das possibilidades que oferece). Isso não impede que essa obra seja uma das mais nobres e apaixonadas defesas da liberdade.
Nas primeiras décadas do século XX assistiu-se à continuação desse Liberalismo estatista. Tanto o idealismo inglês quanto o italiano insistiram no caráter divino do Estado. Foi o que fizeram Bosanquet (The Philosophical Theory of the State, 1899) e Gentile, que identificou o Estado com o Eu Absoluto ( Genesi e struttura della societá, póstuma, 1946) A inspiração Hegeliana prevalecia também na doutrina de Croce, que no entanto permaneceria fiel ao ideal clássico de liberdade, demonstrando-o na prática, durante o fascismo. Para Croce, Liberalismo é a doutrina do desenvolvimento dialético da história, que tudo absolve e justifica, mesmo o absolutismo e a negação da liberdade. O socialismo marxista pode ser considerado uma das manifestações dessa mesma forma de liberalismo (ao qual se liga diretamente através de Hegel).
Os partidos políticos que, a partir do início do século XIX, desfraldaram a bandeira liberal inspiraram-se em uma e em outra das diretrizes fundamentais ora expressas: individualismo ou estatismo.  Portanto, um grande número de correntes políticas díspares e por vezes opostas puderam falar em nome do Liberalismo: partidos que negaram o valor do Estado (como o radicalismo inglês do século passado), partidos que exaltaram o valor do estado ( como a chamada direita histórica da Itália após o risorgimento), partidos que recusaram qualquer ingerência do estado em assuntos econômicos (como fazem ainda hoje alguns partidos liberais europeus.), partidos que defendem a intervenção do estado na iniciativa e na direção dos negócios econômicos, partidos que consideram a liberdade como condição para a prática de qualquer atividade humana e partidos que a relegaram para o empíreo dos ''valores'' puros. Esses contrastes são a manifestação evidente do caráter compósito da doutrina liberal, caráter este que decorre do modo aproximativo e confuso como foi tratada a noção que deveria ser fundamental para o Liberalismo : a de liberdade. O recurso casual ou sub-reptício a um ou outro dos conceitos de liberdade elaborados na história do pensamento filosófico tornou a idéia liberal em política confusa e oscilante, conduzindo-a por vezes à defesa e à aceitação da não liberdade.


logo menos mais

segunda-feira, 16 de abril de 2012

fitas pedagógicas tensas

O conceito de positivismo, segundo o dicionário do Abbagnano:

O termo positivismo foi empregado pela primeira vez por Saint-Simon, para designar o método exato das ciências e sua extensão para a filosofia (De la religion Saint-Simonienne, 1830, p.3).Foi adotado por Augusto Comte para sua filosofia e , graças a ele, passou a designar uma grande corrente filosófica que, na segunda metade do séc. XIX, teve numerosíssimas e variadas manifestações em todos os países do mundo ocidental. A característica do Positivismo é a romantização da ciência, sua devoção como único guia da vida individual e social do homem, único conhecimento, única moral, única religião possível. Como romantismo em ciência, o Positivismo acompanha e estimula o nascimento e a afirmação da organização técnico-industrial da sociedade moderna e expressa a exaltação otimista que acompanhou a origem do industrialismo. É possível distinguir duas formas históricas fundamentais do Positivismo: O Positivismo social de Saint-Simon, Comte, John Stuart Mill, nascido da exigência de constituir a ciência como fundamento de uma nova ordenação social e religiosa unitária; e o Positivismo evolucionista de Spencer, que estende a todo o universo o conceito de progresso e procura impô-lo a todos os ramos da ciência.
As teses fundamentais do Positivismo são as seguintes:
1- A ciência é o único conhecimento possível, e o método da ciência é o único válido: portanto, o recurso a causas ou princípios não acessíveis ao método da ciência não dá origem a conhecimentos; a metafísica, que recorre a tal método, não tem nenhum valor.
2-O método da ciência é puramente descritivo, no sentido de descrever os fatos e mostrar as relações constantes entre os fatos expressos pelas leis, que permitem a previsão dos próprios fatos (Comte);  ou no sentido de mostrar a gênese evolutiva dos fatos mais complexos a partir dos mais simples (Spencer).
3- O método da ciência, por ser o único válido, deve ser estendido a todos os campos de indagação e da atividade humana; toda a vida humana, individual ou social, deve ser guiada por ele.
O Positivismo presidiu à primeira participação ativa da ciência moderna na organização social e constitui até hoje uma das alternativas fundamentais em termos de conceito filosófico, mesmo depois de abandonadas as ilusões totalitárias do Positivismo romântico, expressas na pretensão de absorver na ciência qualquer manifestação humana.


de pouco em pouco vou desenrolando uma fita pra vocês,
fiquem na paz

terça-feira, 10 de abril de 2012

Eu nunca nem gostei tanto dos artistas plásticos, primeiro porque eu os desconhecia, e depois, porque eu já perdia tempo demais pagando pau para escritores como o Saramago e o Cortázar. Só que agora, talvez por esse ser o meu, sei lá, ofício, então eu estou muito mais envolvido cas paradas visuais. Não que antes eu fosse totalmente alheio. Tinha todo aquele lance de poesia concreta e o jeito como os meninos conseguiram uma comunicação quase plena através de lógicas imagéticas ô coisa linda de deus. Só que manos e minas, vou dizer um segredo e é que numa imagem é possível colocar quantidades incalculáveis  de significados possíveis e imagináveis. O discurso que existe por trás de um desenho é quase infinito. Porra mano, nossos problemas são problemas de comunicação, precisamos nos organizar, já que, penso eu, otimista pra caralho, queremos todos o bem geral da espécie humana e só estamos confusos um pouco, mas essa é a função da babilônia: inverter o valor de tudo.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

foi-se o tempo.
de norte agora
problemas
pessoas que aprenderam
de forma tensa a levar suas próprias vidas
de forma mais tensa
carga a ser passada adiante,
ofício de endurecer cupins alheio
para que a vida deixe de ser interessante
por um momento.