domingo, 22 de abril de 2012

a professora lígia é uma existencialista

amor é a transformaçao de um curto espaço de tempo
situado entre fumar um banza e ler um quadrinho do Crumb
o exato momento em que te vejo
deliciosamente pelada em minha cama
com uma das calmas mais conscientes possíveis
lendo mais um quadrinho sobre as experiências alucinógenas
que deram origem a esse próprio quadrinho
e as minhas próprias experiências
que te animam te excitam e me deixam
colocar mais tempo dentro do tempo lá dentro
logo depois, não nos matamos
as conversas se dão a partir do momento em que eu acendo um cigarro
e seguimos olhando pro teto e não para os olhos
não tenho cachorros para alimentar
a vida tá longe de estar fácil
não que esteja difícil
agradeço ao meu redor as pessoas que só falam merda
se meu desenho vai clareando quanto aos detalhes
na real escurece quanto ao significado
uma escolha
as vezes te deixo pelada no quarto escuro meu lá
jogo um futebol no video game com os brothers e umas cervejas
um ponto
habitualmente volto e tento agradar com um copo de água e uma massagem
mesmo sabendo que você já fez questão de colocar seu vestido novamente
logo menos entre seus lábios de morder
seus dentes brancos entre uma cara e outra de séria
minha confusão sobre suas vontades
eu já disse que não tenho cachorro
sou só eu mesmo e caixas dentro de caixas
definições de amor por escrito
jamais teríamos escutado Nina Simone
eu não falaria de rap
ficaríamos em um segredo
uma partícula pontual na história da humanidade
eu, você e a Nina Simone sabendo exatamente a mesma coisa
e pensando-a com as mesmas palavras
deixando alegorias para fracos padres e literatos:
não aguentam 2 minutos num ringue
não bebem o bastante, nem se bastam para poderem beber dignamente
não podem ser alimentados com espectativas depois da meia noite
fundações e impérios não são como uivos na estrada,
sozinhos a pé num planeta em moebius
na hora da fome, o amor também pode ser um jeito de querer 
saturno por suposto tem a obrigação de existir
eu não
sou verbo inconsequente e direto
cão faminto de ruas mal iluminadas
eu nem sou mais aquele moleque
sou sono

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