sexta-feira, 13 de janeiro de 2012


Depois de hiatos filhasdasputas, hoje termino o muro que comecei a pintar ali na avenida. A parede deve estar duas vezes mais grossa das tantas vezes que passei tinta branca e recomecei os desenhos, mas com certeza to com uma parede de otimismo duas vezes mais grossa também: as pessoas são boas, manos.
E meu velho pensamento de que as pessoas são solitárias e tristes eu deixei pra trás. Até porque, se são, não eram quando paravam lá pra falar o que estavam achando do muro. E as pessoas, pra mim, são as que estão comigo, naquele momento. Depois, elas são problemas delas. Quando comigo, em geral são boas, muito boas.
E essa interação é a diferença essencial entre grafitar um muro, algo muito mais material, e desenhar de nanquim no quarto, ouvindo um som e intermitando alguns estudos neste meio, o cúmulo do abstrato.
Não é de agora essa questão.
Humanos, e principalmente os que decidem produzir algo artístico, sempre estão perdidos neste campo do meio, entre integrar-se ao ambiente natural que pertencem, ou pagar com a angústia e o pavor da solidão a soberba romântica do seu próprio isolamento, com tudo que ele pode gerar.
Ambas as ações se completam, e em suas contradições ainda refletem a dificuldade de relação entre indivíduo e coletivo.
Já faz tempo que a existência não é necessariamente justificada com uma finalidade no além e existir tornou-se uma busca de significado no mundo.
Ou se vive da relação com os outros e o eu se dissolve numa relatividade sem fim, e é a vida, ou o eu se absolutiza e corta qualquer relação com o outro, e é a morte.
É possível não anular o uno no múltiplo, nem a liberdade na necessidade?
Sei não.
Até amigos,

Um rap tuga que to ouvindo e curtindo por bosta, sam the kid:

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