domingo, 29 de janeiro de 2012

domingueira na bahia



Arroz e feijão do entretenimento contemporâneo, presente em filmes, jogos, músicas e livros, a guerra é um tema que parece não esgotar.
Talvez isso ocorra pelo próprio conceito de guerra ter perdido seu valor, ter tornado-se um lugar comum da linguagem usado para indicar desconforto entre duas partes, uma intriga besta qualquer.
É que não foi só a Guerra, mas a própria morte foi banalizada.
Nos noticiários, a morte é mais falada do que a vida, e nosso entendimento, queiramos ou não, vai calejando-se dela.
Assim, numa guerra civil como a de Pinheirinhos, ao compactuarmos num silêncio conivente, além de outros tantos fatores políticos e culturais, estamos afirmando, principalmente, uma escassez e uma renúncia de humanidade perante convicções acerca de ordens e contratos sociais, as leis, em uma submissão a idéias das quais sem nem sequer refletirmos acerca de suas validades, obedecemos.
Mesmo que todo a nossa esfera ética de entendimento esteja ao lado das pessoas que ocuparam o local, ainda assim, prevalece em nosso veredicto a lei, pois o que vale para um, deve valer para todos, e se é proibido ocupar, é proibido ocupar, não importa quais sejam as variáveis envolvidas.
Como pode um sujeito que acredita ser do bem, acatar um método tão racional e irredutível como esfera maior de decisões pessoais, mesmo que ela vá contra aquilo que acredita?
Uma mesma generalização de direitos e deveres, tão sagradamente intocável quando diz respeito ao cidadão comum, mas que não atinge em nada o topo da cadeia social, que segue sempre impune.
É como a própria democracia, sob a qual maldizemos e desacreditamos diariamente os políticos, mas mesmo assim nos dirigimos de quatro em quatro anos para validar não só o que fazem, como também o próprio sistema que dá brecha para atuarem assim, e, conseqüentemente, um sistema de leis feito artesanalmente por eles, e para os interesses deles.
Dizem aqui no almoço: E se todo os que não têm o que comer resolverem roubar os supermercados, que fim isso vai ter?
Utopias, utopias, eu gostaria que o fim fosse um em que repensássemos a dinâmica geral das relações de troca.
Mas realidade seja dita, o fim será baseado em opressão, pois a própria polícia, materialização urbana da força, é uma entidade treinada não para questionar, jamais, mas para apenas cumprir.
Partindo do pressuposto que todos nós sabemos tudo isso, acho que as coisas continuam na mesma, pois o medo ainda é maior do que qualquer boa intenção.
Fator antropológico, biológico e psicológico, através do medo construímos nossas vidas, sempre guardando alimentos para um inverno que ainda não sabemos qual será.
(E se já eram raras as cigarras nesta história de mundo, agora ainda são terceirizadas pelas formigas.)
E nesse guardar comida, nesse certificar-se de que haverá dinheiro, nessa garantia de propriedade, as leis são bem camaradas: quando obedecidas, garantem nossos direitos e nossas coisas como sendo nossas.
Somos essencialmente egoístas e é difícil mudar. To falando porque to tentando, mas é difícil, porra.

Até!

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