segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Aqui na casa em que estou morando de favor, ninguém come carne. Dentro da luminária de seda japonesa, há um gordo inseto desesperado. Minha voz vai se postando cada vez mais ao avesso, e me parece ser preguiça. Uma das garotas mais legais que conheço, me diz que está apaixonada pelo Manoel de Barros. Minha barriga se contrai violentamente, mas nem não diz que é o bandejão, nem também deixa claro que é um trabalho de parto. Penso em abrir um teatro dentro da minha cabeça. Imagino linhas anatômicas ao redor das linhas de expressão dos meus amigos que riem das minhas piadas sem graça. Distancio-me um pouco da minha vida para vê-la de um outro ângulo. Sinto uma vontade irreprimível de adquirir um novo léxico para compensar um que me parece gasto. Respiro pela boca pois uma de minhas narinas está entupida. Meus pensamentos se atropelam. Quando os pernilongos passam perto de mais de minha orelha, mecanicamente eu fecho minha boca para não os engolir. Acordo com sede e me recuso a escrever poesia só com fatos reais. Me sinto sozinho e vou dormindo.

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