domingo, 30 de outubro de 2011

Restaurante chinês

Fui ao restaurante chinês, com todos os seus pratos exóticos de animais que provavelmente são bem mais estereótipos do que animais mesmo, como por exemplo o pato. Pato Donald. Restaurante chinês com todas as conversas paralelas numa língua que nunca coube bem no meu ouvido, com toda aquela mística de que pode estar realmente evocando as coisas, e não se referindo a elas. O restaurante chinês e toda uma herança e dinastia que supostamente eu deveria me ater e amar e reverenciar, apoiando-me na velha sabedoria ocidental, usando seus palitinhos como se fossem muletas e apertando os olhos para ver a visão além do alcance. Restaurante chinês, onde alguns chineses cantaram umas canções chinesas num karaokê (chinês). Restaurante chinês, onde, com exepção dos que cantavam, todas as outras pessoas estavam ali para comerem seus pratos e conversarem suas conversas. Um lugar onde, claro, ninguém estava ali pela música, ninguém, mas nem por isso as pessoas lá não aplaudiam no fim de uma canção, usando as palmas mais rápidas para dizer um belo de um parabéns cara, você é especial por ter ido ali em cima, e as palmas mais lentas, geralmente as finais, para dizer um agora senta aí cara e coma seu arroz sem sal com seu peixe agridoce quietinho. Restaurante chinês, onde por um momento eu me senti um estúpido que pretende fazer o que as pessoas do karaokê fizeram lá, só que dedicando toda a minha vida, todos os minutos dela.

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