terça-feira, 6 de março de 2012

terça

É inegável a afirmação de que a espécie humana falhou como espécie, e nem precisamos falar das variáveis políticas e sociais- falhamos logo de cara no quesito nominal de espécie, já que, salvo raras exceções, os seres humanos são só contemporâneos em um espaço, mas não necessariamente relacionam-se entre si.
Manja?
Tem o culto ao indivíduo, o inquestionável respeito pela propriedade e a doentia busca por uma felicidade apregoada pelos livros de auto ajuda, que estão gerando indivíduos egoístas e otários, numa corrida desenfreada por, por, pelo que mesmo?
Eu, por exemplo, sou egoísta pra caralho. E se agora tento pensar primeiro no coletivo e nas pessoas ao meu redor, é porque percebi que, como diz o rei roberto, de que adianta tudo isto se você não está aqui? (nunca soube se o você é você, ou sou eu).
Mas é muito difícil. O sistema em que vivemos quer resultados, e, de preferências, resultados a que se possam atribuir valores. Meus pais querem resultados, meus amigos querem ver resultados, eu quero resultados.
Mas, o que são resultados?
Coisas que garantam minha felicidade, penso. Mas em geral isso é coisa que nós não pensamos a respeito, meio que já se internalizou em nós, e tanto, que nem lembramos disso: apenas queremos resultados.
E se resultados individuais demandam esforços, resultados coletivos são milhões de vezes mais complexos, mais trabalhosos e não geram nem fama, nem conforto, nem poder, a santíssima trindade dos dias de hoje.
E a carreira solo é mais vantajosa. Se não vem com fama e poder, no mínimo conforto, dizem, o capitalismo assegurará.
Mas mano, mano, nem para isso temos culhões o suficiente.
Busca-se uma individualização de trajetos e de ganhos, mas repugna-se a solidão.
E nestes momentos é que as pessoas aglomeram-se sobre alguma bandeira, instituição, ou alguma coisa maior, que as façam acreditar que fazem parte de algo.
Transferem a responsabilidade de suas ações para além delas mesmas. Genes egoístas, Deuses, Deus, não importa.
E seguimos assim, uma espécie que se constrói dia a dia de contradições.
Se isso é bom ou ruim eu não sei. Só acho meio estúpido uma espécie que existe, não aceita sua própria precariedade, e ainda por cima esqueceu-se de maravilhar-se com todo esse mundão.
Não estamos entendendo nada.

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