quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

quarta feiga


ontem saí com o plínio e o danilo, o que comprova o fato de que eu sou o maior ladrão de amigos do mouro que o mundo já viu.
o plínio acabou de voltar da frança e me trouxe de presente um estojo de aquarela, dois pincéis e um nanquin, classe a, dezenas de vezes superior ao meu desenho, o que me empenha e me dá gás pra perder mais noites de sono.
espero que isso não pareça pedante, mas das semanas que fiquei em pinhal, difícilmente existiam conversas sobre idéias.
não é uma crítica, é uma constatação.
eu mesmo, se não tivesse fugido aos 15 com o circo do broa e do peido pra morar em campinas e estudar por lá, atualmente, nunca estaria sentado na cachaçaria notando que as conversas, filhadaputamente engraçadas, em geral não são baseadas em cultura e arte, além de que, provavelmente, estaria junto deles de fato na conversa.
já em são paulo, ontem com plínio e danilo, e sempre também com primão, mouro e mari, as conversas conceituais são muito mais frequentes, e nelas, percebo de minha parte, uma menor fluência, que não chega a ser falsidade, mas talvez uma tentativa fálida de adequação.
Isso porque a cultura popular e erudita esteve ao redor deles muito mais do que de mim, seja em suas famílias, ou simplesmente por morarem em são paulo.
e queira ou não, todo pensamento e hábito, precisa de tempo para desenvolver-se e internalizar-se nas pessoas.
minha família, e provavelmente, grande parte de pinhal, não preocupa-se com cultura.
o que, e só agora percebi, não é culpa deles.
é que simplesmente não faz sentido em suas vidas.
não tiveram uma mínima formação crítica para ouvirem
um luiz gonzaga, um chico science, um itamar assumpção,
ao invés de um michel teló, uma tailor swift.
nem para ler um cortázar, um rubem braga, ou uma alice ruiz
junto de tanta auto ajuda e best sellers.
a própria reflexão e discussão virou algo que repudiam.
e é por essas e por outras, que fiquei no meio do muro.
não tive uma formação crítica minimamente suficiente para ouvir
bach, stravinsky e debussy
junto do sonny boy willianson II, raimundos e planet hemp.
nem para ler malarmeé, joyce e haroldo de campos
junto do mutarelli, do mirisola e do manara.
e por fim nunca estou onde estou, se é que me entendem.

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