quarta-feira, 23 de novembro de 2011

8 da quarta

Acordo com a lembrança de um velho texto chuvodoméstico, um que era sobre minha velha vontade de ler Dostoievsky. Passou-se um ano, mais ou menos desde então. Li as memórias do subsolo, tá, mas não, o que eu queria era o Idiota. Idiota sou eu. Ou melhor, idiota mais é quem faz as capas de qualquer edição da Martins Claret. É só eu ver qualquer iluminura ridícula daquelas que eu tenho vontade de vomitar. Talvez o mundo esteja abarrotado de imagens mesmo, e de ruídos, e de inconvenientes. Ou sou eu, que estou irritadiço. Na bula é o que dizia, irritadiço. Contrapesos, contrapontos. Contra ataque de uma mente que agora é estimulada para abstrair do mundo o mundo, criar outro mundo. Um mundo onde a especulação imobiliária será punida com tortura. Um mundo onde o tapa na cara será adotado como resposta legal a qualquer sujeito boa praça pela manhã. Um mundo onde o café não destrói aos poucos o estômago, nem apaga a alma. O mundo como vontade e representação tá caro demais. Já vi poetisas representarem sentimentos em excesso como cobertores envolvendo tudo. Estou com vontade de ver mais Hermes e Renato do que já assisti, escutar mais Raimundos do que já ouvi, só pra firmar a certeza de que o suprassumo da minha cultura é essencialmente estruturado pelo humor ridículo e descompromissado de desocupados. E assim como eles fizeram com a vida, as pessoas desocupam-se todos nas ultimas semanas do ano também, e logo querem viajar. Eu priorizo minha família, depois os que escutam todas as besteiras que eu falo durante o ano, e só depois os outros. Sinto falta de quando eu priorizava esses outros todos como se fosse amor, e cogitava mesmo mudar os planos para encontrá-los e fingir que algo lá de trás dá liga para o nada que existe agora. O mundo (não o que estou pra criar) tirou essa vontade de mim, e parece que não vai devolver tão cedo. Tudo bem, morrer de banzo eu não vou, pelo menos não hoje. Encontrei, por hora, a maga.

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