quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Progressistas uni-vos

Progresso. É a palavra da vez, ou melhor, sempre foi. Econômico, isso, progresso econômico. Essa quase que absoluta noção de que o progresso econômico, doravante, gerará um progresso social, de saúde, educação e cultura. Essa idéia, muitas vezes impensada e só sentida, de que  progresso econômico não é um fim, mas um meio.

E até que ele chegue nesse hipotético fim, as outras instâncias da vida vão tendo suas pontas acertadas só nas pontas, varridas pra baixo do tapete.

É foda.

Num momento subsequente a revolução industrial, quando as pessoas começaram a ver que máquinas podiam fabricar máquinas, que pesquisas podiam descrever e resolver quase tudo, e que a ciência era a maior aliada que o homem talvez já tivesse trombado, bom, nesse momento, eu acho que era digno que existisse uma esperança no progresso.

Em meio ao século 19, pela primeira vez, pelo menos na literatura, digo, na ridícula parte que conheço dela, os escritores, como boas antenas de épocas que sempre são, começaram a perceber e mostrar que o progresso não era lá esse messias que veio pra nos salvar.  Dá pra ver num Aloísio, num Machado, num Augusto dos Anjos o nível que as coisas iam, e como, em geral, o progresso estava criando mais problemas do que estava resolvendo, com o contrapeso de que estava trazendo facilidades e confortos inimagináveis.

E claro, até esse contrapeso tem suas controvérsias, já que pouquíssimos são os que realmente usufluem destes benefícios.

Eu não sei se a culpa desse caos é da associação ciência-capital. Ou de valores egoístas gananciosos. Ou são maldições divinas, sobre a prole de uma eva que nunca teria imaginado que aquela maçã transmutaria-se anos depois num wi-fi, num bluetooth, em fibras óticas e o caralho.

Só sei que a história se repete, e mesmo após grandes guerras e grandes depressões econômicas e pessoais, as pessoas ainda apostam as fichas no progresso. Em breve, muito breve, aposto minhas fichas de que outras grandes guerras virão com suas grande depressões. Só que agora existem armas muito mais pesadas do que os rifles da primeira e os aviões da segunda.

Tô falando isso porque ontem no ônibus um senhor que desceu num dos bairros mais pobres de campinas, me disse com seu jornal que estava otimista do Brasil estar crescendo nos últimos anos e estar recebendo investimento estrangeiro pesado.

É foda.

É foda que eu pensei e escrevi tudo isso aqui, mas daqui a pouco já vou ter esquecido, pra pensar numa garota, pra pensar num quadrinho que quero fazer e pra pensar na necessidade de seguir caminhando quando tudo pede pra gente sentar e deitar com os bolsos na mão.

Um comentário:

  1. Boa tarde. Eu vi seu blog na página do Jornal Hoje e percebi que você voltou para o Brasil. Gostaria de dar continuidade ao Blog sobre a Irlanda. Estou indo morar em Dublin em Janeiro. Tem como você me passar o contato da produção do telejornal ? Desde já agradeço. meu e-mail é : joaonetobandeira@hotmail.com

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