domingo, 5 de fevereiro de 2012

Domingo

Não gosto de pensar que existam livros de ouro da humanidade, as ditas ''grandes obras do espírito'', livros perfeitos a espera da necessidade da raça humana.
Dizem que tudo, ou quase, está em Homero. Eu não sei, pois nunca li. Mas incomoda-me pensar isso, que li em Pound, pois essa história de descobrir os clássicos para saber os diluidores, me parece bem fascista, elitista e nem um pouco incentivadora.
Sei lá, eu gostaria de saber melhor conciliar as coisas, pelo menos em meu entendimento, em relação a essas brechas imensas entre ações poéticas e políticas, eruditas e populares.
Acho que atitudes intelectuais restritivas, como essa de Pound, talvez sejam boas para um desenvolvimento de idéias, uma das características intrinsicas da arte. Porém, como acho que a comunicação é tão importante quanto a evolução, vou pegando birrinha de coisas extremamente conceituais, obras de arte que comunicam-se apenas com uma meia dúzia disposta, e com tempo, para estudar e entender o que se passa.
Mais um dilema, anotem aí.
Sei lá, tudo isso ainda é muito confuso para mim. Pois essas problemáticas só surgem mesmo quando penso nelas, ou quando penso a obra de alguém com esse pensamento.
Já quando eu produzo algo, um desenho, um texto, um poema, geralmente as questões são outras. Primeiro, pois, acredito que nada meu é complexo ao nível de se pensar que as pessoas não entenderão. Segundo, minhas necessidades ainda são de inquietação e divulgação, e como encontrar maneiras que me agradem e que consigam exprimir uma coisa que as pessoas não precisam de fato em suas vidas.
Gosto de pensar, leminskianamente, que a poesia está dentro da vida, e não o contrário. E se em horas eu hesito, e trepido para o lado negro da força, colcando a vida dentro da poesia, depois eu escuto um Itamar, ou um Raimundos, um Chico Science, e volta meu pensamento sóbrio, ou pelo menos o que eu julgo sóbrio e lúcido, de que não vai valer a pena. A vida é uma só, enquanto as poesias são várias.
Depois quero falar de um conto do Borges que trata exatamente disto: vida, poesia, eternidade e Homero. Mas não agora.
Enfim, a princípio, quando me sentei aqui, o mote principal do texto seria dizer que não acredito em livros fundamentais, para depois me contradizer e abrir uma exceção para as veias abertas da America Latina. Me perdi no meio e falei as mesmas coisas de sempre.
Então: As veias abertas da America Latina. Na boa, é essencial, e principalmente para nós, Latino Americanos.
Pensando-o seriamente como um livro que desenvolve idéias, estrutura conteúdos, aponta desgraças e caminhos, e principalmente mostra que não aprendemos nada.
(Blackalien: _Quando a situação é grave se organizar concentração é a palavra chave.)
Na boa, e o Galeano comunica. Conversa como se estivesse aqui, tomando essa bosta de café que estou requentando já faz dois dias, olho no olho, sinceramente dizendo que esse silêncio que temos guardado é bastante parecido com a estupidez.

Um comentário:

  1. é do "imortal" do Borges que tu falou, né? se for, taqueopareo, é mesmo um absurdo.

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