quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Quinta feira

De cara já aviso, ou já lembro, que, como vocês sabem, esse é um blog meu. E eu falo muita coisa, e principalmente coisas totalmente infundadas, partindo do ponto de que isso aqui não é publicado com o viés de ser formador de opiniões, nem tampouco é visto por mim como produção de conhecimento. São coisas que eu estou lendo, desenhando, trocando e idéias, e pra me organizar melhor escrevo aqui.

Sério, não to querendo ser amargo e chatão. É que ouvi criticazinha acadêmica ontem e tive vontade de vomitar. Crítica de quem só quer dar pitaco, ser do contra, e não tá ligado que existem outros caminhos.









Sei lá. É foda.



Mas e ae, beleza?




Tô em Pinhal pintando umas paradas. Comprei umas tintas acrílicas, e estou aqui ralando para desvendar algumas sutilezas, dessa mina que não tem nada de sutil, como tinha a aquarela, minha ex, de uma leveza que beirava o efêmero. Pelo contrário: ela é densa, emburrada, ranzinza, apática e convicta de que não quer nada comigo.
E esse é bem o tipo de mina que ando curtindo ultimamente.

Mas, voltando a mesma tecla, teclando de volta o tema da arte que desconsidera movimentos passados, a irresponsabilidade, ou a ascensão de uma sociedade conivente com entretenimento sem reflexão, as consequencias diretas disso em vida pública, política, pessoal, etc etc.

É que acordei hoje com um gosto ruim na boca, e decidi que é porque há um ano atrás eu achava que ia entender o Joyce com 18 anos de idade.
Sério, beira o ridículo, falae. Eu queria voltar no tempo, me encontrar sentado nesta mesma cadeira comprando uns livros do Joyce na Internet, e dar um tapa, daqueles com as costas da mão, na minha cara de lazarento.

A experimentação de Joyce é de uma coragem venerável. No começo do Séc XX, mais do que um lampejo de excentricidade, Joyce ao lado de Pound, Cummings e Malarmee, dariam as bases vanguardistas, que culminaram, nos anos 50, na poesia Concretista.
Os Concretistas, Augusto, Haroldo e Décio, pegaram a nata das experimentações literárias, contextuaram ao momento histórico que viviam, e, com uma provável invisível mão Cabralina por trás, produziram uma poesia tão forte quanto a teoria que a sustenta.

Eu trombei um camarada esses dias, e vomitei nele minha vontade de aplicar a teoria concreta nas imagens, talvez em quadrinhos, ou, provavelmente não, disse que ainda não sabia,
Além de dicas objetivas sobre o tema, o que mais importante ele me falou foi que essa teoria toda que eu estudo, vai estar lá no que eu produzir, e que talvez esteja na hora de eu produzir mesmo, que as coisas, já internalizadas em mim, lá fluirão por trás do que quer que seja.

Foi do caralho. Eu realmente comecei a produzir muita coisa que eu já estava postergando faz um bom tempo, e as questões que eu achava ter, já mudaram.

Mas por outro lado, pensei nos escritores que desconsideram movimentos artísticos e intelectuais que já aconteceram, e seguem produzindo romances. Não vou ofendê-los, dizendo que desconhecem os movimentos mais importantes, pois se isso realmente acontece, acredito que já são escritores cegos e de menor calibre. Me convenço a acreditar que não se ateram ao fato, acharam pouco importante, e resolveram deixar de lado.
E é isso, não flagram que ao desconsiderarem problemas essenciais de linguagem já apontados, é impossível que sua obra não reflita essa renúncia, e essa covardia.

Claro isso aqui é uma opinião do momento em que vivo, e, principalmente, não posso me esquecer que o momento em que vivo está nitidamente insuflado por uma atmosfera de vontade de mudança, revolucionários radicales, essas coisas de jovem.

Bem ou mal, meu norte anda sendo o de uma revolução que vá de dentro pra fora, implosiva. Talvez por uma incapacidade de mobilizar-me em ações e atos, e contextualizar-me tanto em estudos quanto em reflexões que atentem para os problemas do sistema. Em outras palavras, preguiça maldita.

Revolucionário preguiçoso, ridículo.

Mas independente dessa preguiça, o foco numa mudança interna é um caminho a ser bem pensado. Mudança interna que perpasse emoções, sentimentos e caráter. Uma mudança interna que ataque o cerne dos problemas, lá, ela mesma, mademoseille linguagem, essa puta velha e chata.

É complicado, pois se pensarmos politicamente, é hermeticamente filhadaputa e elitista, num Brasil estupidamente precário em educação básica, colocar na mesa experimentações medulares, embasadas por teorias complexas que implicam tempo, dedicação, base social, etc.

O pensamento, óbvio, é de que seria melhor partirmos do ponto de que a arte já está em altos nível de discussão e que a educação deveria ser elevada ao mesmo patamar.

Tá, tá, eu sei que falar é fácil. Mas é melhor falar do que não falar.

Mas a fica a crítica do dia, mais do que aos que não experimentam, aos outros todos que repulsam experimentos.

Ou melhor, quero evidenciar meus sinceros votos e desejos natalinos de que neste ano novo que está nascendo, possamos todos juntos, numa corrente fraterna de paz, abandonar o pensamento silogístico-discursivo, parar pularmos juntos as ondas de um ano novo sintético-ideogrâmico.

3 comentários:

  1. SENSACIONAL!
    Adorei o negócio das tintas... e já te disse né, comento de compulsiva que sou de não conseguir ficar sem comentar hehe

    Que bom que gostou do livro e ele te inspirou a escrever o texto! =)

    Saudades!

    Bjão

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  2. Fico feliz que vc esteja procurando um norte, bem geográfico, com relação as críticas acadêmicas desconsidere, ou considere e não faça nada, é legal ver que vc amadurece, o mundo está em constante mudança (acho que isso tá meio batido já), mas Léo presta atenção, o que vc escreve aqui tem sim um caráter formador de opinião, mesmo que sejam pensamentos em transformação, vc é dono deles e responsável por eles, vc vai ter de responder por eles...... grandes poderes acarretam grandes responsabilidades (aiaiaiai esse tá mais batido ainda)

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  3. Ou bz, e ou kênia,
    bom que vocês tão por aqui!
    só que se pá não quero mais responsabilidades no momento! Apesar de não ter nenhuma! haha
    beijo!!

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