sábado, 3 de dezembro de 2011

Sábado neurástico.




Não tenho nenhuma foto que tenha o cabeça de mamão, nosso vocalista. Mas ta essa aí, com os amigos zangão e bonza, só pra marcar que hoje tem reunião da Neurose. A banda que em breve lançará um Dvd chamado dez anos de reuniões.

Há. Oi.

Em São Paulo, numa oficina semana passada, calhou de uma discussão sobre propriedade tomar propriedade no recinto.

A grande maioria lá era de artistas, ou aspirantes à, e uma busca que flagrei comum a todos era a de estilo e de um econômico lugar ao sol.

A idéia que rodeava as bocas é a de que você faz alguma coisa, e é quase impossível, nos dias atuais, dessa coisa não ser feita igualmente por uma outra pessoa.

Considerando a fita de que agora o ser humano é contado aos bilhões no mundo, e que a comunicação e exposição foi extremamente encurtada pelo advento da internet, é ofensivo que essa discussão não alcance a esfera da forma.

Por sorte alcançou, e uma conclusão que eu senti ter sido compartida pelas pessoas naquele momento foi a de que não importa o que você faz, mas a forma como você o faz.

Parece clichê de auto-ajuda, mas é mais sério do que isso.

Pensei um pouco melhor essa semana, e percebi que esse pensamento é perigoso, pois de pouco em pouco a própria forma pode ir tomando jeito de conteúdo, pois começa a ser pensada como.

Não sei se no momento vou ser capaz de explicar isso que pensei, aliás, vim escrever esse texto pra ver se conseguia organizar melhor minhas idéias.

É só que, por mais inovador que seja algo, ou a forma como você o está contando, se certas profundidades não forem atingidas, o mesmo objeto ainda está sendo exposto, mas de formas disfarçadas, maquiadas, transmutadas.

A profundida da linguagem é uma profundidade bem obscura, e que apesar de bem vaga, deveria a todo tempo ser considerada.

Comecei a prestar atenção em algumas coisas, e vi que vigoram absolutos, os reinos da prosa, mesmo que poética, e de uma poesia lírica, distante da sintética proposta pelos concretistas. Não sei se é uma desconsideração refletida, desconhecimento, ou até mesmo preconceito, mas a partir do momento em que certos problemas e soluções foram deflagrados, dissecados, e até resolvidos por propostas fortemente estruturadas, é irresponsável da parte do artista, seguir fingindo que nada aconteceu.

Achei que eu nunca diria isso que eu disse. Talvez eu tenha virado adulto. Talvez eu tenha amargado. Talvez o doce da felicidade de minha vida tenha desandado.

Só que pensando bem, tanto faz se alguém contar a mesma história que você conta, e inclusive da mesma forma que você conta. Por fim, é a mesma coisa. As bases onde a mudança pode, ou não, ser feita, já são muito mais embaixo, no underground da linguagem.

Claro, superficialmente, a discussão bem parecia estar neste andar intermediário. Mas não vou mentir pra vocês: Senti que no fundo a discussão estava bem mais em cima.

Senti que a discussão era na verdade uma discussão sobre propriedade e possibilidade de lucro.
Uma idéia que eu tive, só pode dar lucro a mim.

E é isso. Lucro, lucro, lucro.

Não é uma reclamação, mas uma constatação. O lucro é o gênio maligno que englobou a tudo.
Inclusive aquilo que nunca deveria ter sido tocada por ele, a arte.

O início dessa história? A necessidade de comer aliada a proposta de uma classe burguesa querendo se firmar socialmente no mundo.

Classe que de fato se firmou, e muito bem firmada aliás.

O preço deste firmamento é que é muito alto: é o preço de quantificar as coisas e de querer que tenham uma necessidade, querer que elas não valham por elas mesmas, não se justifiquem pela sua própria existência.

Por hora é isto. Desculpem se falei muito e num tom sério demais sobre assuntos que não tenho propriedade nenhuma.

Falou!

Po, seus cuzões, hoje a noite tem Black Alien no Inferno. Vamo colá, vamo colá. Gustavão é o meu preferido no rap. E o seu?

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