segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Segunda

Eu não esperava voltar pra pinhal tão cedo.
Mas voltei, e assim fico lá comigo mesmo um pouco.
Quer dizer, aqui.
Em São Paulo vi a caixa de areia da caixa de areia. Foi foda. E em Campinas entreguei os documentos, pra ter minha própria caixa de areia, quem sabe com uma caixa de areia também.
Ter outros gatos que não os gatos que mijaram em todas as minhas coisas na minha mochila que servia de casa enquanto eu morava em casa provisórias.
Deve ter sido um sinal.
Ando acreditando em sinais.
Por exemplo, fui capaz de traduzir os sinais em ordem assim: transmutação, depois aceitação, aquele de desapego, o da paz ao contrário, agora o do serviço e o discernimento a desvendar.
Não dá pra explicar. Nem quero.
Outro dá: que acredito em anjos.
Anjos viciados em crack, dopados de halopáticos, perdidamente perdidos.
Difícil lição que quero aprender, e que provavelmente vou gastar uma bela de uma vida inteira: Saber discernir e separar as palavras, de um lado a palavra anjo, do outro lado, a palavra humano.
É fácil amar os que são só anjos.
Porra, cabei de encontrar o André na Rodoviária. Ele me lava a alma.
E os outros? Não posso simplesmente me abster, dizer não obrigado já jantei, e depois virar o meu rosto e ficar com medo.
Isso disgnifica todo o resto que acredito. Esse resto entrelaçado que só me complica.
Entrei no meu ônibus e decidi que, tal qual Fabiano, eu quero viver.
Até então eu estava indo por inércia, tudo bem, tamo aí, vamo vivendo.
Mas agora não, agora é decisão.
E quem escolhe algo, aceita as consequências de.
Aceita as repetições e repetições.
Hora eu estou aqui com uma pessoa, hora passaram anos, e estou com ela de novo. Repetições, repetições.
De nomes, apenas. O resto mudou. Cabelo mudou. Humor negrejou. O plano mudou.
O mundo mudou.
O mundo mudou, Plinião, seu bosta.
E eu queria o novo.
De novo, o novo.
E ovo.
Reunir os anjos que gosto na minha casa nova e alimentá-los com ovos.
Usar a receita de tortilla que aprendi com a Sara, que já me empanturrou com a Mari, aliviou-me com o Joby, fortaleceu com o Pedrin, ensinei já pro Rafa, e assim por adiante, em diante.
Parece piada que o meu mundo eu estruturo com ovos, batatas, cebolas e uma frigideira grande e boa pra não grudar.
É tudo o que posso oferecer no momento.
That's all folks.

Nenhum comentário:

Postar um comentário