sábado, 10 de dezembro de 2011

Sabático

Hola amigos e amigas, todos pouco bonitos, mas todos ainda muito legais. Quer dizer, quase todos. Hê.





















Manos e minas, uma coisa anda incomodando essa cabeça ruiva de dreads aqui, e digo já o que é:  É esse descontentamento da população, principalmente da classe média, com a corrupção e os políticos ladrões.

Sei, eu sei. É digno, é digno. Bem melhor do que a massa inerte de coco mole que em geral somos todos.

Mas é que isso está me lembrando muito a vez quando eu, o Francisco, o Tomás e o Rafa, todos moleques de joelho ralado e estilingues pendurados no pescoço, tacamos fogo na casinha da árvore da turma da rua de baixo, por eles terem roubado a escada da nossa.

Olho por olho de criança é diferente de olho por olho de adulto. Qualquer mudança que venha a ocorrer, se não for estruturada por uma reflexão lúcida e neutra, só será uma mudança, nunca uma revolução.

Mudança estão cheias por aí. O sistema em que vivemos dá brecha pros times se revezarem, para os exploradores virarem explorados, para os violentadores serem violentados. Certo Bernardo?

Já a revolução, penso eu, se dá quando toda a cultura de uma vida, ou toda a vida de uma cultura, é modificada de forma permanente, de forma que para voltar atrás, outra revolução será necessária.

E decisões desse âmbito, decisivas, não podem e não são tomadas sem reflexão.  Decisões assim não são combinadas via facebook, sem um prévio armamento ideológico, seja ele qual for, debates e discussões.

Está na hora das pessoas começarem a discutir, a se informar e se unir, para descobrirem o que é que realmente importa para cada um, como indivíduo, e como membro de uma sociedade.

A decadência da educação escolar e a supervalorização das ciências exatas, não são mera coincidências. Todo mundo sabe que pensar incomoda os que estão no auge da cadeia alimentar, pois não é preciso muito para perceber o quão injusto é a própria cadeia.

E mesmo que alguns bons professores lutem para ensinar, desconsiderando o sálario ridículo que ganham, o desgaste de tentar ser mais interessante que um celular e um ipod, e a desconsideração de toda uma comunidade, bom, mesmo tudo aquilo que esse professor ensina não faz sentido na vida de um aluno.

Não faz sentido pois nas outras 20 horas do dia, bombardeando todas as cabeças existem  programas de televisão fúteis com músicas cada vez mais vazias, entrecortados por comerciais estúpidos vendendo artigos banais e conversas que não conseguem trespassar em nada o senso comum.

Foda, mas é isso. Investir em educação consiste também em investir em arte e cultura. É tudo a porra de uma coisa só.

Ir a shows, comprar e alugar livros e filmes, recusar a merda que transmitem diariamente nas rádios e tvs, frequentar eventos culturais e estudar e debater todas coisas que estão acontecendo, não pode ser visto como um luxo para poucos.

É uma necessidade e uma obrigação. Força motriz essencial para mudanças realmente estruturadas e firmes.

Independente da ajuda um governo e de uma classe dominante, que não virá, pois não desejam que isso aconteça, precisamos nos informar. A informação e o debate é nossa melhor arma contra a corrupção.

E não só porque essa onda de protestos está com cara de conversa de Alice com o Gato, que não sabe aonde quer chegar, então tanto faz o caminho.

Mas, principalmente, pois preocupa-me o momento em que essa galera descontente venha a perceber sua fraqueza perante o gigante opositor, e acabem dando uma abertura para uma nova ditadura militar, que bem sabemos é oportunista e não vai medir esforços para destruir nossa cultura por no mínimo mais três gerações.

Sério, pode parecer que estou fora de mim, que estou falando falas esquizofrênicas e perseguidas, mas o caso da PM na USP que aconteceu este semestre, a forma como tudo foi mostrado pela mídia e a reação da maioria das pessoas em relação aquilo, são coisas que precisamos considerar e ficarmos bem atentos.

Por enquanto só acho que estamos, infelizmente, obrigados a ver a arte e a cultura (NÃO EM SEU CONTEÚDO) como meios, para quem sabe, futuramente, chegarmos a um ponto onde elas possam ser finalmente aquilo que são, coisa em si, prazeres que desnecessitam de justificação.

A velha história da dignidade só ser digna se estivermos preparados pra ela. E essas coisas.

Pensemos, pensemos. Como podemos nos unir e nos fortalecer? Esperar é que não dá mais. A mudança é nossa. Sério.

Psdbistas, não me furem os olhos com seus bicos, marxistas, não me batam com suas foices e martelos. Um beijo do semi gordo.

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