quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

quinta

De uma das galeras aqui de Pinhal saíram muitos geógrafos. Moita, turbocooler, Cicía, Juninho e Ana.
Moita é o que mais casa assunto comigo. Cartógrafo, no momento tento sugar dele conhecimentos de mapas, que a meu ver, talvez tenham sido os primórdios da poesia concreta, representando e gerando sentido, gerando sentido e só gerando.
Academicista e científico, a conversa de linguagem acaba vingando, principalmente, por eu estar no momento do outro lado da corda, o não acadêmico e artístico.
Mas foi uma bola com o juninho que me fez perder o sono.
Ele estuda o medo como fator determinante geográfico.
Mais ou menos assim: Um sujeito em São Paulo não passa na cracolândia pois tem medo de ser assaltado, auto segrega-se num condomínio fechado, e não sai de são paulo pela marginal pois tem medo que chova e alague tudo.
O espaço desta pessoa é totalmente moldado pelo medo.
Esses dias agora estou sozinho em Pinhal, e ontem quando fui dormir pensando nisso, do medo, lembrei de quando eu era criança, e de como meu irmão merece até o fim de sua vida todas as glórias de ter aturado a luz acesa quando ainda dividíamos quarto, e de sempre responder que estava tudo bem quando eu o acordava para perguntar nas longinquas madrugadas de 12 ou mais anos atrás.
Na época, eu relacionava meu medo com alguma coisa que eu tenha visto na tv, algum filme, algum causo que me contaram, sei lá.
Mas agora, talvez anacrônicamente, percebo que era só medo, e que o que eu fazia era criar nomes e motivos para este medo, quando se pá ele justificava-se por si só.
_Ta com medo do quê?
_Medo do Jason.
_Não fica não.
_Tá com medo do quê?
_Medo do Fofão.
_Não fica não.
_Tá com medo do quê?
_É só medo.
_A vai dormir seu otário.
Percebem?
Percebo agora é que talvez este medo tenha transmutado-se em tristeza com o passar dos anos.
Esporadicamente triste, fico sempre caçando nomes e eventos para culpar, quando talvez eu só deva aceitar que é uma tristeza, e só isso.
Ou, como está soprando kierkegaard aqui no ouvido, em nível profundo isso não é tristeza isso é desespero.
Um desespero de ser humano, o sentimento que nos faz ser homens e não animais, o Desespero.
Desespero de não alcançar a infinitude, nem também não ser finito.
De querer ser-se o que se é, mas nunca ser capaz. Querer ser você mesmo, quando esse eu buscado também é uma projeção de uma relação entre consciência e, o quê mesmo? Esqueci e não importa, por hora.
É desespero.
Dar nomes aos bois talvez funcione em mapas, mas não em sentimentos.
Aceitar que alguns sentimentos são mais abrangentes do que imaginamos, talvez seja um primeiro passo.
Medo é só medo, tristeza é só tristeza, desespero é só desespero.
Um culpado talvez seja o sentido, que desde o começo fez questão de não existir.
O mundo nada tem a ver com essa história.
















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